quinta-feira, 30 de outubro de 2008


Um Santo e Feliz Natal para todos Vós .

....Oração do Amanhecer
Senhor
"No silêncio deste dia que amanhece,
Venho pedir-te Força, Sabedoria e Paz.
Quero ver hoje o mundo com os olhos cheios de amor.
Ser paciente, compreensivo, manso e prudente.
Ver além das aparências teus filhos,
Como tu …

Os colegas da Hoechst Portuguesa, no 1º Encontro Nacional na Curia, no ano de 1987.

A Filarmónica 25 de Setembro de Montemor-o-Velho, em foto oficial com fardamento novo, no vetusto Castelo , num dos seus momentos altos de actividade, aquando da conclusão das obras da sua sede social.
Ano de 1998.
LENDA DAS ARCAS
Lenda das Arcas

Na Torre de Menagem do Castelo de Montemor-o-Velho, estão duas arcas iguais fechadas. Diz-se que uma está cheia de ouro e a outra cheia de peste.
Ninguém até hoje teve coragem de as abrir, pois, correria-se o risco de abrir a da peste.
Esta lenda tem uma relação estreita com o Mondego, pois também o rio significa o ouro e a peste. Às portas de Montemor vinham os fenícios comerciar (há vestígios junto ao monte de Santa Eulália), ou seja chegava o ouro das trocas comerciais. Mas o mesmo rio trazia as cheias com as desgraças habituais e toda uma série de doenças associadas à cultura do arroz que provocavam a desgraça das populações.



"Entre escombros, na rudeza
da vetusta fortaleza,
batidas do vento agreste,
empedernidas, cerradas,
há duas arcas pejadas
uma d’oiro, outra de peste.

Ninguém sabe ao certo qual
das duas arcas encerra
o fecundo manancial,
que fartará d’oiro a terra
mesquinha de Portugal,
ou qual, se mão imprudente
lhe erguer a tampa funérea,
vomitará de repente
a fome, a febre, a miséria,
que matarão toda a gente!

E nestas perplexidades
e eternas hesitações,
têm decorrido as idades,
têm passado as gerações;
nas guerras devastadoras,
nas lutas brutais e ardentes
entre as raças invasoras
e as povoações resistentes.

Nunca romanos nem godos,
nem árabes, nem cristãos,
duros na alma, e nos modos,
rudes no aspecto e no trato,
chegaram ao desacato
de lhe tocar com as mãos.

Sempre que o povo faminto,
maltrapilho ou miserando,
fosse ele cristão ou moiro
entrou no tosco recinto
para salvar-se, arrombando
a arca pejada de oiro,

Quedou-se, os braços erguidos,
a olhar atónito e errante,
sem atinar de que lado
vinha morrer-lhe aos ouvidos
uma voz de agonizante,
entre ameaças e gemidos:
- Ó Povo de Montemor,
se estás mal, se és desgraçado
suspende, toma cuidado,
que podes ficar pior!

E nestas perplexidades,
e eternas hesitações,
hão-de passar as idades,
suceder-se as gerações,
e continuar na rudeza
da vetusta fortaleza,
batidas de vento agreste,
empedernidas, cerradas,
as duas arcas pejadas,
uma d’oiro outra de peste."

Conde de Monsaraz

quarta-feira, 22 de outubro de 2008


No velho Poço da Ponte da Cal, da minha Barca Natal, havia a "Ponte Romana", onde eu com a meninice dos meus10 anos, já fazia excelentes pescarias aos achigãs...ainda hoje conservo a velha cana de pesca e a amostra campeã na arte da negaça.
Infelizmente as Obras do Mondego e o Ministério do Ambiente, com a sua insensibilidade mataram este ícone de uma beleza ímpar.
Esta imagem bucólica deixou marca positiva em todos nós....

sábado, 13 de setembro de 2008


Estive na Holanda entre 9 e 11 de Agosto de 2003.
Estas gentes sempre viveram paredes meias com a água.
Aprenderam a dominá-la...e a enxugar os mares e a transformá-los em polders férteis.
Foi uma experiência magnifica e enriquecedora.
O Fado desceu à tertúlia da Quinta do Cano.
O Carlos Aveiro, tratou do evento com muita dedicação...
Presentes vários fadistas, em ambiente de adega, onde não faltou o chouriço assado, a brôa de milho e o vinho tinto.
O anfitrião Mário Pardal...embevecido e honrado com tão gratas visitas teve uma noite memorável.






sexta-feira, 28 de março de 2008


Foi esta , a singela mas valorosa Homenagem, que o povo de Montemor-o-Velho, fez aos seus Bombeiros.
A Junta de Freguesia, liderou a homenagem, descerrando uma estátua do Bombeiro, autoria do escultor António Nogueira, o mesmo que já tinha sido o autor da estátua do Arrozeiro, situada na Lavariz.
Foi uma feliz prenda de aniversário, para os briosos soldados da paz. Bem haja a Junta de Freguesia de Montemor-o-Velho por tão gratificante iniciativa.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Corpo de Bombeiros Montemor-o-Velho e directores ...1932 ( fotografia da primitiva )


A Associação dos Bombeiros Voluntários de Montemor-o-Velho, foi fundada em 21 de Fevereiro de 1932.
Teve como 1º Comandante, Ernesto Crispim, pedreiro de profissão, homem simples e dedicado à nobre causa dos bombeiros, impulsionador da afirmação dos seus homens, junto da comunidade local.
Montemor-o-Velho deve-lhe um gesto de gratidão e de respeito...
Bem hajam...briosos soldados da paz...

Um grupo de velhos amigos confraterniza na Ereira


José Dias
Carlos Góis
Pinto Sousa
Zé Letra
António Dias


( rua de acesso à taberna do Tó Bernardes ).

Mentes de ontem, de hoje e de amanhã...


Albert Einstein
um génio que foi prémio Nobel.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

O Mondego, numa simplicidade de linguagem campestre,num ritmo que encanta...da autoria de Eloy de Sá Sotto Maior, nas " Ribeiras do Mondego ", estudante que foi da Universidade de Coimbra entre os longínquos anos de 1593 e 1601, em que obteve o grau de bacharel. Foi condiscípulo de Francisco Rodrigues Lobo.


No Mondego manso
Claro, e fresco rio,
Lagrimas em fio
Choro sem descanso.
Quando mais graciosa
Se mostra alvorada,
Que a manhã dourada
Doura, e faz fermosa:
Então julgo, e vejo
Vendo o bosque espesso,
Que faz grande excesso
O Mondego ao Tejo.
Quando os olhos lanço
Na prateada area
Corre mansa a vea
O rio mais manso.
Nos frescos outeiros
Se veem flores mil,
Quando por Abril
Tem folha os Censeiros.
Festejando o dia
Lá dos passarinhos
Ao fazer dos ninhos
Se ouve a melodia.
Tudo está sombrio
Alegre e contente,
Quando o sol vem quente
O bosque está frio.
E se a noite vem
Que em silencio mudo
Fica triste tudo,
Tudo graça tem.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

4º Fórum Nacional dos Bombeiros Honorários.


Delegação dos Bombeiros Voluntários de Montemor-o-Velho, presente no 4º Fórum Nacional dos Bombeiros Honorários, que teve lugar em Santarém, no dia 27/10/2007.
Chefe Mário Pardal
Bombeiro 1ªclasse Licinio Henriques Pereira
Motorista Fernando Santarém
Bombeiro 2ªclasse António da Costa Maia
Motorista Elísio Serra
Sub-Chefe Raimundo

A velha Barcaça, na Ponte Alagôa.


Paisagem bucólica, esta da nossa terra...
A velha Barcaça, na Ponte Alagôa.

Alguns antigos alunos do Externato Fernão Mendes Pinto

Apesar de infelizmente já não estarem todos no reino dos vivos, é bonito apreciar toda esta gente, que frequentou o Externato Fernão Mendes Pinto, em Montemor-o-Velho.




COISAS SIMPLES, MAS VALOROSAS…

Perguntei um dia a Timóteo Barqueiro, camponês e pescador deste Mondego que eu gosto, como fazia ele para estar permanentemente contente e feliz…

E o meu velho amigo Timóteo, tisnado pelo sol, marcado pelo frenesim do seu esforçado labor e já com claras evidências do correr dos anos, vincadas ora com crises de bicos de papagaio ora com a dolorosa ciática, atalhou-me candidamente que isso não era verdade, que também ele tinha momentos de tristeza, de desalento, de cansaço, de dor, de inquietação e até de profunda preocupação pelo cada vez maior despojamento e falta dos valores da nossa sociedade, valores esses que segundo ele, velho Timóteo, faziam até há bem pouco tempo atrás, a diferença entre o homem e os outros animais.

Insisti perguntando-lhe como é que estava sempre com o sorriso nos lábios e a assobiar melodiosamente.

Então Timóteo Barqueiro, com contida humildade, confessou-me que para enfrentar as mágoas que ás vezes carregava dentro de si “conhecia bem o remédio, embora nem sempre, em tempo preciso, o soubesse utilizar : sair de si mesmo “, e partir em busca da alegria até onde ela estava ( no olhar de uma criança, no balido de um cordeiro, no coaxar de uma rã, num pássaro a voar em liberdade, numa flor brotada seja ela de alcachofra de rosa ou de orquídea, tanto fazia ). E sobretudo, ter interesse pelos outros concidadãos, perceber que eles têm o direito de o ver bem disposto e alegre, fruindo da sua serenidade, da sua paz interior, do seu gosto pela vida, que existe na sua alma, por debaixo das próprias amarguras, inquietações e dores.

Camponês e Pescador, o meu amigo Timóteo, sempre me deliciava com o seu saber e com o seu sentir das coisas boas da vida, como homem simples, generoso e afável, solidário até mais não, contudo indefectível na defesa da cidadania vivendo a par e passo em plenitude, de bem consigo e com o seu próximo.

Sentir-me ia satisfeito, que os amigos leitores, retivessem desta conduta de Timóteo Barqueiro, a saborosa substância que contém. E que descobrisse aquilo que infelizmente muitos esquecem.

Este meu concidadão, homem simples, ancião experimentado da vida, dizia-me ainda por fim, que quem passa os dias enroscado sobre si mesmo, carpindo nos seus fundamentalismos, não dando espaço criativo às ideias dos outros, afogando-se em água joelheira nos seus modelos e nas suas inquietações, nunca pode estar alegre nem feliz consigo. Quem renuncia a este olhar só para o seu umbigo, aposta na sua paz de espírito e se dedica a dar mais aos outros, desinteressadamente, respeitando as suas convicções, não ofendendo com palavras inusitadas e grosseiras, impróprias de pessoas de bem, está a dar um passo de gigante para se melhorar a si próprio e repartir a felicidade com os outros.

Bela lição esta que me deu o camponês e pescador de nome simples Timóteo Barqueiro, ensinando-me a partilhar com os outros, as alegrias, as cumplicidades e as coisas boas da vida. Bem haja ancião da liberdade e do respeito, licenciado na Universidade da Vida, que faz jus à velha máxima de que muitas vezes vale mais “ um ano de tarimba de que três de Coimbra”. Perdoe-me a lusa Atenas por quem nutro o maior carinho e respeito.


Barqueiro do Mondego


Pedras Vivas que Falam...




PEDRAS VIVAS QUE FALAM…

Conta-se por aí, que numa manhã agradável e ensolarada, uma criança, visita do escultor António Nogueira, entrou no seu atelier e viu um enorme bloco de pedra. E que ao regressar ali, três meses depois, encontrou no seu lugar, uma preciosa estátua com 3,20 metros de altura, representando a figura do “Arrozeiro” típico da Carapinheira e dos campos mondeguinos dos finais do século XIX, com chapéu de aba larga, camisa franzida, calças arregaçadas e pés descalços. Voltando-se para o escultor, o garoto, perguntou-lhe : “…E como é que sabia que dentro daquela pedra muito grande estava escondido, o Homem dos Campos do Mondego?”

A inocente pergunta da criança, caros leitores, era bastante mais que uma graça infantil. Porque a verdade é que o Homem dos Campos do Mondego, estava na realidade, desde tempos imemoriais, já dentro daquela pedra enorme. E a excelente capacidade artística e visionária do nosso concidadão escultor, António Nogueira, consistiu precisamente nisso : saber e conseguir observar o dito Homem dos Campos, dentro do pedregulho enorme e ir tirando tudo o que estava a mais, aperfeiçoando os traços singulares desta figura simples e ímpar, até à minúcia, com muita arte, com engenho e com extremosa dedicação e enlevo. O nosso escultor, não trabalhou juntando pedaços do Homem dos Campos ao bloco de pedra, mas isso sim, removendo da pedra tudo o que o impedia de ver o seu modelo ideal e típico do Homem dos Campos do Mondego, determinado, lançando com honradez, as sementes à terra mãe, com a sua mão direita, enquanto que a tiracolo enfiado no ombro esquerdo envergava o velho sementeiro, usando chapéu de aba larga e calças arregaçadas…Tudo isto, estava afinal no interior do pedregulho.

O artista escultor, António Nogueira, que vive e honradamente labuta na Lavariz, soube ver dentro do enorme bloco de pedra, o que mais ninguém viu. Esta foi a sua grande arte. Deu vida e mensagem perene à pedra. Uma vez esculpida, tornou-se uma pedra viva, hospitaleira, elegante e respeitável. Transformou, dignificou e alindou, a Lavariz, tal qual ela há muito merecia. A Câmara Municipal na pessoa do sr. Presidente, deve ser felicitada. Bem como todos, os que colaboraram. É com obras significativas e credoras da admiração de todos e não só com palavras que se faz história no bom sentido. E o Dr. Luís Leal enquanto Presidente da Câmara, fez mais uma página de boa História no concelho de Montemor-o-Velho.

Outrora, enquanto a crise e as dificuldades grassavam nos campos do Mondego e os de cá demandavam para a Borda d’ Água e regiões circunvizinhas ao leito do rio Tejo, à procura de trabalho e sustento, sempre as gentes Montemorenses grangearam da melhor fama de dedicados trabalhadores agrícolas, e outros até chegaram a capatazes e a funções de chefia em quintas da região; contudo gente houve, que se dedicou numa profissão, que fez jus e fama por toda a Borda d’ Água: “ Os Valadores da Carapinheira “, que eram disputados e os preferidos por serem efectivamente os melhores na sua arte de valar. Eram mesmo os melhor pagos. Também à figura típica e valorosa do Valador, presto a minha homenagem sentida e simbólica. Algo deverá também ser feito para perpetuar na memória de toda a comunidade e dos nossos vindouros, a figura do Valador da Carapinheira e do Mondego.

Mas voltando à estátua da realidade e à criança do meu sonho, lembrei-me de tudo isto ao pensar na educação dos homens: acontece algo muito parecido. Pensastes alguma vez que a palavra “educar”, vem do latim “edúcere”, que significa precisamente, tirar de dentro? Pensastes que a genialidade do educador não consiste em adicionar á criança as coisas que lhe faltam, mas sim em explorar e descobrir o que está dentro de si?

Entendo que muitos pais, comigo incluído e educadores estão redondamente enganados quando ambicionam ter os seus filhos à sua semelhança, quer seja educativa, social, formativa, etc. O filho, a criança deve ser antes de tudo, fiel a si mesma. O que deve fazer não é imitar o que o vizinho fez, por feito mais brilhante que seja. Deve realizar-se a si próprio e na sua plenitude. Tem de tirar dentro de si própria, a pessoa que já é, como do bloco de pedra sai a estátua do homem dos campos do Mondego.

Ser homem não é copiar nada de fora, nem ir juntando virtudes que são magníficas, mas são de outros. O educador e os pais não devem trabalhar como um pintor, juntando cores ou formas. Devem trabalhar como um escultor, como tão bem o fez o nosso concidadão António Nogueira : tirando todos os pedaços informes do bloco da vida e que impedem de mostrar a sua alma inteira tal como ela é.

Os jovens terão as suas razões quando se insurgem com aqueles que lhes tentam impor os seus modelos exteriores , contudo perdem-na quando se entregam, não ao melhor de si próprios, mas à preguiça e ao deixa andar e não te rales, que é precisamente o pedaço do “bloco de pedra”, que os impede de mostrar o melhor de si mesmos.

Tem arte, tem saber de gente boa e até faz as pedras falar, quem quer e sabe ver a escultura maravilhosa que cada um tem, tapada talvez de toneladas de vulgaridades e até, porque não de algumas mediocridades.

Esculpir e retirar esses bocados vulgares e claramente a mais, à força suave, calculada e artística de marteladas é a verdadeira obra do génio criador.

Barqueiro do Mondego