terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Corpo de Bombeiros Montemor-o-Velho e directores ...1932 ( fotografia da primitiva )


A Associação dos Bombeiros Voluntários de Montemor-o-Velho, foi fundada em 21 de Fevereiro de 1932.
Teve como 1º Comandante, Ernesto Crispim, pedreiro de profissão, homem simples e dedicado à nobre causa dos bombeiros, impulsionador da afirmação dos seus homens, junto da comunidade local.
Montemor-o-Velho deve-lhe um gesto de gratidão e de respeito...
Bem hajam...briosos soldados da paz...

Um grupo de velhos amigos confraterniza na Ereira


José Dias
Carlos Góis
Pinto Sousa
Zé Letra
António Dias


( rua de acesso à taberna do Tó Bernardes ).

Mentes de ontem, de hoje e de amanhã...


Albert Einstein
um génio que foi prémio Nobel.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

O Mondego, numa simplicidade de linguagem campestre,num ritmo que encanta...da autoria de Eloy de Sá Sotto Maior, nas " Ribeiras do Mondego ", estudante que foi da Universidade de Coimbra entre os longínquos anos de 1593 e 1601, em que obteve o grau de bacharel. Foi condiscípulo de Francisco Rodrigues Lobo.


No Mondego manso
Claro, e fresco rio,
Lagrimas em fio
Choro sem descanso.
Quando mais graciosa
Se mostra alvorada,
Que a manhã dourada
Doura, e faz fermosa:
Então julgo, e vejo
Vendo o bosque espesso,
Que faz grande excesso
O Mondego ao Tejo.
Quando os olhos lanço
Na prateada area
Corre mansa a vea
O rio mais manso.
Nos frescos outeiros
Se veem flores mil,
Quando por Abril
Tem folha os Censeiros.
Festejando o dia
Lá dos passarinhos
Ao fazer dos ninhos
Se ouve a melodia.
Tudo está sombrio
Alegre e contente,
Quando o sol vem quente
O bosque está frio.
E se a noite vem
Que em silencio mudo
Fica triste tudo,
Tudo graça tem.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

4º Fórum Nacional dos Bombeiros Honorários.


Delegação dos Bombeiros Voluntários de Montemor-o-Velho, presente no 4º Fórum Nacional dos Bombeiros Honorários, que teve lugar em Santarém, no dia 27/10/2007.
Chefe Mário Pardal
Bombeiro 1ªclasse Licinio Henriques Pereira
Motorista Fernando Santarém
Bombeiro 2ªclasse António da Costa Maia
Motorista Elísio Serra
Sub-Chefe Raimundo

A velha Barcaça, na Ponte Alagôa.


Paisagem bucólica, esta da nossa terra...
A velha Barcaça, na Ponte Alagôa.

Alguns antigos alunos do Externato Fernão Mendes Pinto

Apesar de infelizmente já não estarem todos no reino dos vivos, é bonito apreciar toda esta gente, que frequentou o Externato Fernão Mendes Pinto, em Montemor-o-Velho.




COISAS SIMPLES, MAS VALOROSAS…

Perguntei um dia a Timóteo Barqueiro, camponês e pescador deste Mondego que eu gosto, como fazia ele para estar permanentemente contente e feliz…

E o meu velho amigo Timóteo, tisnado pelo sol, marcado pelo frenesim do seu esforçado labor e já com claras evidências do correr dos anos, vincadas ora com crises de bicos de papagaio ora com a dolorosa ciática, atalhou-me candidamente que isso não era verdade, que também ele tinha momentos de tristeza, de desalento, de cansaço, de dor, de inquietação e até de profunda preocupação pelo cada vez maior despojamento e falta dos valores da nossa sociedade, valores esses que segundo ele, velho Timóteo, faziam até há bem pouco tempo atrás, a diferença entre o homem e os outros animais.

Insisti perguntando-lhe como é que estava sempre com o sorriso nos lábios e a assobiar melodiosamente.

Então Timóteo Barqueiro, com contida humildade, confessou-me que para enfrentar as mágoas que ás vezes carregava dentro de si “conhecia bem o remédio, embora nem sempre, em tempo preciso, o soubesse utilizar : sair de si mesmo “, e partir em busca da alegria até onde ela estava ( no olhar de uma criança, no balido de um cordeiro, no coaxar de uma rã, num pássaro a voar em liberdade, numa flor brotada seja ela de alcachofra de rosa ou de orquídea, tanto fazia ). E sobretudo, ter interesse pelos outros concidadãos, perceber que eles têm o direito de o ver bem disposto e alegre, fruindo da sua serenidade, da sua paz interior, do seu gosto pela vida, que existe na sua alma, por debaixo das próprias amarguras, inquietações e dores.

Camponês e Pescador, o meu amigo Timóteo, sempre me deliciava com o seu saber e com o seu sentir das coisas boas da vida, como homem simples, generoso e afável, solidário até mais não, contudo indefectível na defesa da cidadania vivendo a par e passo em plenitude, de bem consigo e com o seu próximo.

Sentir-me ia satisfeito, que os amigos leitores, retivessem desta conduta de Timóteo Barqueiro, a saborosa substância que contém. E que descobrisse aquilo que infelizmente muitos esquecem.

Este meu concidadão, homem simples, ancião experimentado da vida, dizia-me ainda por fim, que quem passa os dias enroscado sobre si mesmo, carpindo nos seus fundamentalismos, não dando espaço criativo às ideias dos outros, afogando-se em água joelheira nos seus modelos e nas suas inquietações, nunca pode estar alegre nem feliz consigo. Quem renuncia a este olhar só para o seu umbigo, aposta na sua paz de espírito e se dedica a dar mais aos outros, desinteressadamente, respeitando as suas convicções, não ofendendo com palavras inusitadas e grosseiras, impróprias de pessoas de bem, está a dar um passo de gigante para se melhorar a si próprio e repartir a felicidade com os outros.

Bela lição esta que me deu o camponês e pescador de nome simples Timóteo Barqueiro, ensinando-me a partilhar com os outros, as alegrias, as cumplicidades e as coisas boas da vida. Bem haja ancião da liberdade e do respeito, licenciado na Universidade da Vida, que faz jus à velha máxima de que muitas vezes vale mais “ um ano de tarimba de que três de Coimbra”. Perdoe-me a lusa Atenas por quem nutro o maior carinho e respeito.


Barqueiro do Mondego


Pedras Vivas que Falam...




PEDRAS VIVAS QUE FALAM…

Conta-se por aí, que numa manhã agradável e ensolarada, uma criança, visita do escultor António Nogueira, entrou no seu atelier e viu um enorme bloco de pedra. E que ao regressar ali, três meses depois, encontrou no seu lugar, uma preciosa estátua com 3,20 metros de altura, representando a figura do “Arrozeiro” típico da Carapinheira e dos campos mondeguinos dos finais do século XIX, com chapéu de aba larga, camisa franzida, calças arregaçadas e pés descalços. Voltando-se para o escultor, o garoto, perguntou-lhe : “…E como é que sabia que dentro daquela pedra muito grande estava escondido, o Homem dos Campos do Mondego?”

A inocente pergunta da criança, caros leitores, era bastante mais que uma graça infantil. Porque a verdade é que o Homem dos Campos do Mondego, estava na realidade, desde tempos imemoriais, já dentro daquela pedra enorme. E a excelente capacidade artística e visionária do nosso concidadão escultor, António Nogueira, consistiu precisamente nisso : saber e conseguir observar o dito Homem dos Campos, dentro do pedregulho enorme e ir tirando tudo o que estava a mais, aperfeiçoando os traços singulares desta figura simples e ímpar, até à minúcia, com muita arte, com engenho e com extremosa dedicação e enlevo. O nosso escultor, não trabalhou juntando pedaços do Homem dos Campos ao bloco de pedra, mas isso sim, removendo da pedra tudo o que o impedia de ver o seu modelo ideal e típico do Homem dos Campos do Mondego, determinado, lançando com honradez, as sementes à terra mãe, com a sua mão direita, enquanto que a tiracolo enfiado no ombro esquerdo envergava o velho sementeiro, usando chapéu de aba larga e calças arregaçadas…Tudo isto, estava afinal no interior do pedregulho.

O artista escultor, António Nogueira, que vive e honradamente labuta na Lavariz, soube ver dentro do enorme bloco de pedra, o que mais ninguém viu. Esta foi a sua grande arte. Deu vida e mensagem perene à pedra. Uma vez esculpida, tornou-se uma pedra viva, hospitaleira, elegante e respeitável. Transformou, dignificou e alindou, a Lavariz, tal qual ela há muito merecia. A Câmara Municipal na pessoa do sr. Presidente, deve ser felicitada. Bem como todos, os que colaboraram. É com obras significativas e credoras da admiração de todos e não só com palavras que se faz história no bom sentido. E o Dr. Luís Leal enquanto Presidente da Câmara, fez mais uma página de boa História no concelho de Montemor-o-Velho.

Outrora, enquanto a crise e as dificuldades grassavam nos campos do Mondego e os de cá demandavam para a Borda d’ Água e regiões circunvizinhas ao leito do rio Tejo, à procura de trabalho e sustento, sempre as gentes Montemorenses grangearam da melhor fama de dedicados trabalhadores agrícolas, e outros até chegaram a capatazes e a funções de chefia em quintas da região; contudo gente houve, que se dedicou numa profissão, que fez jus e fama por toda a Borda d’ Água: “ Os Valadores da Carapinheira “, que eram disputados e os preferidos por serem efectivamente os melhores na sua arte de valar. Eram mesmo os melhor pagos. Também à figura típica e valorosa do Valador, presto a minha homenagem sentida e simbólica. Algo deverá também ser feito para perpetuar na memória de toda a comunidade e dos nossos vindouros, a figura do Valador da Carapinheira e do Mondego.

Mas voltando à estátua da realidade e à criança do meu sonho, lembrei-me de tudo isto ao pensar na educação dos homens: acontece algo muito parecido. Pensastes alguma vez que a palavra “educar”, vem do latim “edúcere”, que significa precisamente, tirar de dentro? Pensastes que a genialidade do educador não consiste em adicionar á criança as coisas que lhe faltam, mas sim em explorar e descobrir o que está dentro de si?

Entendo que muitos pais, comigo incluído e educadores estão redondamente enganados quando ambicionam ter os seus filhos à sua semelhança, quer seja educativa, social, formativa, etc. O filho, a criança deve ser antes de tudo, fiel a si mesma. O que deve fazer não é imitar o que o vizinho fez, por feito mais brilhante que seja. Deve realizar-se a si próprio e na sua plenitude. Tem de tirar dentro de si própria, a pessoa que já é, como do bloco de pedra sai a estátua do homem dos campos do Mondego.

Ser homem não é copiar nada de fora, nem ir juntando virtudes que são magníficas, mas são de outros. O educador e os pais não devem trabalhar como um pintor, juntando cores ou formas. Devem trabalhar como um escultor, como tão bem o fez o nosso concidadão António Nogueira : tirando todos os pedaços informes do bloco da vida e que impedem de mostrar a sua alma inteira tal como ela é.

Os jovens terão as suas razões quando se insurgem com aqueles que lhes tentam impor os seus modelos exteriores , contudo perdem-na quando se entregam, não ao melhor de si próprios, mas à preguiça e ao deixa andar e não te rales, que é precisamente o pedaço do “bloco de pedra”, que os impede de mostrar o melhor de si mesmos.

Tem arte, tem saber de gente boa e até faz as pedras falar, quem quer e sabe ver a escultura maravilhosa que cada um tem, tapada talvez de toneladas de vulgaridades e até, porque não de algumas mediocridades.

Esculpir e retirar esses bocados vulgares e claramente a mais, à força suave, calculada e artística de marteladas é a verdadeira obra do génio criador.

Barqueiro do Mondego